Três irmãos e um sonho

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Reconhecido mundialmente por seu ensino de excelência, o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) tem um dos vestibulares mais disputados do Brasil.

A aprovação em um processo tão rigoroso é um importante feito para qualquer estudante.

Nos 73 anos de história do ITA, no entanto, algumas famílias conseguiram ir além, formando mais de um representante no instituto.

Em parte dos casos, a tradição iteana foi passada de uma geração para outra: de pai para filho, avô para neto, tio para sobrinho, e por aí vai…

Na casa da família Zanone, a façanha veio em dose tripla, com três irmãos que tiveram o privilégio de viver juntos no H8.

Neste 5 de setembro, Dia dos Irmãos, conheça a história de Átila (T07), Jean (T07) e Pablo (T09), unidos pelos laços familiares e pelo amor ao ITA.

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Ter sido contemporâneo dos seus irmãos ajudou na adaptação e em outros desafios da vida acadêmica?

Átila – Com certeza. Morar em um alojamento como o H8, sem dúvida alguma, auxilia na criação de laços de amizade mais fraternos, mas nada se compara em ter os irmãos ao lado. A sensação de estar com a família a uma vaga (no caso do Jean, que era vaga E, e eu, F, no quarto 127 do alojamento) ou a uma caminhada de segundos (no caso do Pablo no bloco B, e a gente, no bloco A) sempre trouxe um conforto quase impossível de se traduzir em palavras, sabe? Apesar da luta ser sempre individual, a possibilidade de cuidar e ser cuidado por eles sempre trouxe um clima mais acolhedor à rotina de gagá e viradões… e, às vezes, de saidões [risos]. Afinal, o acadêmico do ITA é diferenciado, e muitas vezes o que precisamos para nos superar e superar os desafios do ITA é tão somente um apoio fraternal para encontrarmos a motivação e sermos resilientes, já que capacitado todo bicharal sempre é!

Jean – O Átila estudou quase um ano na UFMG até a greve de 2001. Essa greve adiou o meu vestibular. Então, a partir daí, nós dois começamos a estudar em uma turma específica para o ITA. A ajuda mútua começou ainda na época do pré-vestibular. Lembro que quando um começava a dormir na mesa, o outro “carinhosamente” lhe dava um tapa na cabeça para acordar. Agora, quando o Pablo começou a estudar pesado para o ITA, a gente não ajudou tanto, não. Lembro dele dizendo: “Vocês estão muito enferrujados, muito lentos”. Lembro também que éramos dos poucos que se referiam ao H8 como casa, enquanto a maioria sempre chamou de alojamento.

Pablo – Com toda certeza! Desde a minha preparação para o vestibular, convivia com eles no campus do ITA. Isso ajudou a desmistificar o tal do iteano, calibrando as expectativas do que encontraria na faculdade e já anotando os bizus de quais iniciativas extracurriculares deveria aproveitar e quais cursos seguir.

Estudar com os irmãos gerou alguma situação inusitada?

Átila – Que eu me lembre, a parte inusitada era eu e o Jean sermos mais requisitados pelo veteranal quando bichos, só pelo fato de termos ingressados juntos. Portanto, mais “trotes” e conversas fizeram parte de nosso primeiro ano [risos]. Mas, antes de ingressar, houve outro momento único: no telefonema da Dival. Sim, em 2002, ainda era assim [risos]. Minha mãe agradeceu a notícia e pediu informação do segundo filho… segundo ela nos contou, quem estava ligando ficou bem desconcertada com a pergunta sobre o resultado de outro vestibulando! Custou cair a ficha que era uma mãe ansiosa querendo saber de uma vez o resultado dos dois filhos [risos]. Após alguns instantes na linha, ela recebeu a notícia que ambos tinham sido aprovados!

Jean – Não que seja inusitado, mas escutei de várias pessoas que nosso relacionamento como irmãos era muito bacana, e que alguns não tinham o mesmo em casa.

Pablo – Inusitada foi a pequena pressão de cursar o 3º ano [do ensino Médio] com dois irmãos recém aprovados no ITA! Depois de pensar em outras áreas, acabei definindo pela de Exatas, sem saber ao certo para qual curso iria prestar vestibular. Escolhi a faculdade antes mesmo de definir a profissão.

Passar no ITA não é fácil. Qual é a receita para uma família aprovar três?

Átila – Com certeza, não há receita [risos]. Mas, se tem algo que consigo perceber hoje, após 20 anos dessa inesquecível aprovação, é que aqui em casa sempre tivemos apoio para sonhar alto. E, uma vez desejado algo grandioso, sempre ganhamos um mínimo de condição para tentar, somado à cobrança amorosa e sincera de nossos pais. Pois o sonhar sempre foi permitido e estimulado, sem nunca esquecer que responsabilidade e dedicação seriam os únicos caminhos para transformarmos o sonho em conquista.

Jean – Se é que isso é receita, o conselho é sempre estudar muito! Acho que o normal é nem todos os irmãos terem as mesmas aptidões. Para nós, coincidiu esse desejo pela engenharia, uma pitada de destino, com a greve da UFMG, e um apoio muito grande da família, acreditando que éramos capazes.

Pablo – Familiares estudando no ITA é muito menos incomum do que se imagina. Por exemplo, na minha turma, a T09, havia dois irmãos e até amigos cujos pais estudaram juntos no ITA. A nossa particularidade foi o fato dos três irmãos estudando ao mesmo tempo! Bem, cada família tem seu próprio “tempero” cultural, mas acredito que dois ingredientes universais são acreditar e compartilhar. Primeiro, é acreditar que é possível. Não interessa o quão assustador pareça o nível da prova ou a relação de candidato/vaga. Nosso pai sempre acreditou incondicionalmente na gente, deu todo o apoio e teve a “sorte” das três aprovações! E, depois, compartilhar. Não só as alegrias da aprovação, mas, principalmente, as dificuldades da jornada e a importância de perseverar, melhorando pouco a pouco, até alcançar o desafio.

O que vocês carregam do ITA até hoje, além das lembranças?

Átila – O ITA, pra mim foi uma enorme escola. Não só técnica, mas de vida! Parece senso comum, mas o fundador Casimiro [Montenegro Filho] estava repleto de razão: o ITA foi uma experiência que somou muita autoconfiança e resiliência à minha pessoa, mas, também, me fez refletir muito sobre o quanto o iteano é privilegiado por tudo o que recebe em sua passagem pelo instituto e pelo H8, e o quanto a gente pode, e deve, retornar isso tudo de alguma forma para o nosso entorno. De preferência, aqui no Brasil. Esse aprendizado, a meu ver, é um “indireto” valiosíssimo do ITA que não podemos perder como diferencial de nossa formação.

Jean – O ITA é um cartão de visitas muito forte, é um atestado largamente reconhecido de capacidade intelectual. Como decidimos voltar para terra natal, Ipatinga [Minas Gerais], e fundar uma escola [o colégio Fibonacci], o nome do ITA foi fundamental para gerar a confiança necessária para os pais matricularem seus filhos. Porém, muito mais importante que o nome do ITA foi o aprendizado da busca pela excelência, que agora transmitimos aos nossos alunos. Somos exemplos de que é possível sair do interior de Minas para um dos melhores cursos de engenharia do mundo.

Pablo – O ITA é um parâmetro de excelência de estudos e de disciplina.

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Da esquerda para a direita, os irmãos Pablo, Átila e Jean Zanone, que foram contemporâneos no ITA

O Colégio Fibonacci, fundado por Átila, Jean e Pablo Zanone em Ipatinga, é uma das 10 melhores escolas do Brasil no ranking do ENEM.

Em nome dos três, nossa homenagem a todos os irmãos que, iteanos ou não, tornam as nossas vidas mais felizes, somando conquistas e compartilhando desafios.

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