Iteano da turma de 2009, o mineiro de Juiz de Fora, Thiago Nykiel, é fundador da INFRAWAY, empresa especializada em projetos de infraestrutura de engenharia de alta complexidade nos setores aeroportuário e de saneamento.
Prestes a completar 39 anos, ele conta que veio para São Paulo há 20 anos, desde que passou para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde cursou Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica – atual Engenharia Civil Aeronáutica. E era isso mesmo o que ele queria fazer: Engenharia na melhor instituição do Brasil.
Sempre se interessou por obras, construções, cidades pujantes e ambientes de renovação, além de gostar muito da área de aeroportos. Fascinado por aviação, ele se dedicou ao setor de infraestrutura aeroportuária e aos estudos de capacidade e desenvolvimento futuro.
Logo no início da graduação, Thiago percebeu que essa atividade estava carente de profissionais e viu a oportunidade no curso, que foi desafiador o suficiente para ele estudar geotecnia, dimensionamento e, ainda, saber o que se passava no backstage e no background de um aeroporto, desvendando suas estruturas de concreto e aço, revelando que a engenharia pode ter vantagem competitiva e provou isso ao longo da sua jornada profissional.
No quinto ano do curso, estagiou na área de planejamento estratégico de uma das quatro maiores construtoras do Brasil. e lá continuou depois de formado, já com 24 anos, quando recebeu a proposta para ser trainee em obras da empresa. Foi transferido para Rondônia, onde trabalhou na construção de uma das hidrelétricas do complexo do Rio Madeira, permanecendo naquela localidade por um ano e meio.
O trabalho na construtora era interessante para Thiago, mas não tinha tanta autonomia para fazer reengenharia das soluções propostas. O desafio era resolver o problema de logística de mão-de-obra e insumos para a construção e produzir o que já estava pensado. Saiu da empresa e começou um mestrado no ITA. Logo depois, já recebeu uma proposta para trabalhar em uma consultoria de projetos de aeroportos e foi o momento que ele teve a certeza do que queria fazer: concepção de projetos de infraestrutura.
O Brasil estava em um momento super interessante com o início do programa de concessão de aeroportos. Entre 2010 e 2014, foram concedidos à iniciativa privada os aeroportos de São Gonçalo do Amarante (RN), Guarulhos (SP), Galeão (RJ), Confins (MG), Viracopos (SP) e Brasília (DF). Era esse o caminho, a área que queria ficar. Foi então que surgiu a oportunidade de abrir a sua própria consultoria, a INFRAWAY, o início de uma grande revolução tanto na sua vida profissional quanto no mercado de engenharia brasileiro.
Existiam dois tipos de empresas do setor de engenharia de aeroportos: as dedicadas ao planejamento aeroportuário, e outras aos projetos de engenharia. E Thiago viu que uma atividade estava ligada à outra, um insight do gap de mercado ali, e alguém precisava fazer isso.
A INFRAWAY se encaixou exatamente nesse processo: planejamento aeroportuário e projetos de infraestrutura, na mesma prancheta, no mesmo escritório. Era uma lacuna no mercado brasileiro e a INFRAWAY se emprenhou para assumir esse lugar. Quando chegou o chamado, Thiago se juntou a outros dois sócios, também iteanos, que tinham trabalhado juntos, e se debruçaram na empreitada.
“Nossa sociedade foi uma união de muito sucesso” – revela Thiago sobre a parceria com Eduardo Borges (T12), que é o diretor de Operações, e Nathana Alcântara (T14), diretora de Engenharia.
Thiago diz que foi muito interessante esse processo de abertura da empresa. “A INFRAWAY estabeleceu um momento de crescimento dessas concessões de aeroportos brasileiros e começamos com pequenos contratos, sendo subcontratados de grandes consultorias. Mas, logo a empresa já estava competindo com essas gigantes e conseguindo desenvolver os projetos, fazendo a coisa acontecer”. A companhia tem em seu portfólio grandes projetos de ampliações como nos aeroportos de Porto Alegre (RS), Recife (PE) e Manaus (AM).
Durante a consolidação da área de planejamento aeroportuário e de projetos de infraestrutura, a INFRAWAY se deparou com mais uma oportunidade. Dessa vez na área de estruturação de grandes projetos de concessão aeroportuária. O que começou tímido na companhia, ao longo dos anos representou quase 50% da receita total. Em dez anos desenvolveu a estruturação de mais de 50 ativos e superior a 50 bilhões de projetos estruturados nas áreas de aeroportos e saneamento. Atualmente, 50% do tráfego de passageiros no Brasil é processado em aeroportos em que a INFRAWAY estruturou a concessão para a transferência à iniciativa privada.
Sendo um dos maiores players do mercado de estruturação de projetos de concessões de infraestrutura, talvez a segunda maior fábrica de projetos, logo atrás do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a INFRAWAY está nesse patamar com esforços privados, desenvolvendo muitos projetos de infraestrutura e estudos de viabilidade.
Hoje, o Brasil possui um gap de infraestrutura de saneamento de cerca de 700 bilhões de reais e, portanto, um investimento anual de 70 bilhões para cumprir o novo marco legal do setor. Nos últimos anos, o Brasil tem conseguido, por meio das concessões, chegar ao patamar de 20 bilhões de investimento anual. É um grande desafio que a INFRAWAY aceitou, e já estruturou por volta de 15 bilhões de investimentos, que representam somente 2% do mercado.
“Acredito que seremos um player relevante para ajudar o Brasil a universalizar água, esgotos e resíduos sólidos” – prospecta o CEO.
Thiago revela o “jeito INFRAWAY” de fazer engenharia: “Entender muito bem o que seu cliente precisa em sua infraestrutura faz com que a sua tomada de decisão seja racional, além de desenvolver o trabalho com muita ética, potência e entrega premium no prazo”.
Hoje a INFRAWAY é líder nas estruturações de projetos aeroportuários. “Foi um negócio impressionante. Dado que deram certo as primeiras estruturas executadas pela empresa, conseguimos fazer modelagens mais completas e com maiores informações técnicas de engenharia para reduzir o risco para o operador de infraestrutura. Esses estudos de viabilidade foram muito bem avaliados pelo Ministério da Infraestrutura”.
Mas a INFRAWAY não para por aí, eles já desenvolveram projetos de um BRT (bus rapid transit) no Paraguai, e estão pensando em ir além, em algum momento, abrir uma filial nos Estados Unidos. À medida que a área de estruturação de projetos de saneamento dê certo aqui no Brasil, o que deve levar mais uns dois ou três anos de maturação, a ideia é desbravar o mercado americano.
Com sede em São José dos Campos, um dos pólos tecnológicos do País, onde a empresa encontrou uma localização que permite associar o seu desenvolvimento técnico com a busca por profissionais de ponta. Todos os anos, a companhia insere dois ou três alunos do ITA como estagiários.
O tempo no ITA
Em 15 de setembro de 2024, a INFRAWAY completa dez anos, um marco inesperado nas projeções de Thiago, quando estava no Instituto.
“Estudar no ITA, ter iniciado o mestrado e ter bom relacionamento com os professores, que me incentivaram a gerar bons conteúdos, deu esse resultado”, diz Thiago.
Naquela época havia um gap nesse mercado de trabalho e Thiago conseguiu encaixar seu conhecimento técnico. O curso de graduação fez toda diferença na sua trajetória. “Eu não queria ir para outra faculdade. Onde mais eu teria essa especialização em aeroportos? É um super nicho para um mercado muito especializado. Então, sem o ITA seria impossível. Eu sou um grande fã e entusiasta do Instituto” – conclui o iteano.
Thiago Nykiel é um dos painelistas convidados para o Fórum de Educação em Engenharia – um dos pilares do EEF-2024 – na Mesa Redonda que vai discutir o tema “Inovação e sustentabilidade na indústria e a formação do engenheiro para o mundo em transformação”, realizado pelo ITA com apoio da ITAEx. O evento acontecerá nos dias 16 a 18 de maio e está com inscrições abertas e gratuitas. Acesse o site: https://eef.ita.br/
