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A trajetória de uma pioneira do ITA

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A procura de garotas pelos cursos do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) tem crescido a cada ano. Em 2014, elas representavam pouco mais de 20% dos inscritos no vestibular, considerado um dos mais difíceis do Brasil. No último processo seletivo, realizado entre outubro e novembro do ano passado, de cada dez inscritos, três eram mulheres (30,4% do total, em números mais precisos).

A jornada feminina nos bancos da melhor e mais conceituada escola de engenharia do Brasil começou em 1996, ano em que o vestibular do ITA passou a admitir mulheres – até então, somente homens podiam ingressar no instituto. Na ocasião, 6 garotas foram aprovadas (para um total de 120 vagas disponíveis). Apenas 2 acabaram se formando em 2000, ano em que o instituto completou 50 anos.

Desde então, outras 214 mulheres concluíram a graduação do ITA, e com feitos cada vez mais notáveis. Nas últimas três turmas do instituto (2021, 2022 e 2023), as melhores notas finais entre todos os formados foram obtidas por mulheres, apesar de os cursos de engenharia ainda serem ambientes majoritariamente masculinos.

Um marco

Patricia Rodrigues Scheel foi uma das pioneiras do ITA*. Formada em Engenharia de Infraestrutura Aeronáutica na Turma de 2000, ela vive atualmente com a família na Holanda, onde trabalha há quatro anos como diretora de Tesouraria e Country-Manager da Vale.

Em entrevista exclusiva ao portal ITAEx 23 anos após sua formatura, ela compartilhou suas experiências e desafios no ITA. Contou sobre a decisão de ingressar no instituto, a convivência em um ambiente predominantemente masculino e sua trajetória profissional após a conclusão do curso. Confira os principais trechos:

Qual era o contexto da sua vida quando você ingressou no ITA?

Eu morava em Belo Horizonte e estava prestando vestibular para Arquitetura na UFMG e na PUC-MG. Uma amiga me convidou a prestar o vestibular do ITA, pois era o primeiro ano em que abririam vagas para mulheres. Nós nos inscrevemos e fizemos as provas juntas. Acabei passando.

A iteana Patrícia Rodrigues Scheel (Turma 2000) vive com a família há quatro anos na Holanda

O que a fez optar pelo ITA?

Achei que era uma oportunidade única! Entrar na primeira turma de mulheres, abrir meus horizontes para fora de BH e, principalmente, estudar numa das melhores instituições de ensino do país. Por via das dúvidas, me matriculei também em Arquitetura na UFMG e deixei a matrícula trancada por um ano.

Como era a convivência em um ambiente majoritariamente masculino?

No geral, fomos bem recebidas, com bastante curiosidade e interesse da comunidade iteana. Os alunos, professores e os moradores do CTA [atual DCTA] estavam, sem dúvida, satisfeitos com a mudança. Entretanto, a rotina no CTA, no início, foi muito diferente para mim: éramos muitas vezes o centro das atenções, faziam-nos muitas perguntas inacreditáveis, tais como “Vocês acham que conseguem?”. Éramos, muitas vezes, tratadas como frágeis.

Na sala de aula, eu não sentia tanto este tipo de questionamento estereotipado, éramos próximas dos colegas e, ao longo dos anos, fomos conseguindo entrar na rotina normal de um iteano. Estudar junto, trocar bizus… Anos mais tarde, e imagino que até hoje, as meninas já entravam de forma mais natural e mais automática na comunidade e no modo de vida do ITA. Mas, quando entrei, passamos a vivenciar isso, de fato, apenas do 2º para o 3º ano.

Como ficou a questão do alojamento? O prédio do H8 precisou passar por algum tipo de adaptação para receber vocês?

No meu primeiro ano, moramos no Hotel de Trânsito do CTA. Não permitiram que morássemos no H8, e nem era permitido que alunas frequentassem o H8.

No meu segundo ano, com a chegada de mais meninas, reformaram um anexo no último andar do Hotel de Trânsito, criando ali um alojamento feminino. Somente no meu terceiro ano, fizeram uma reforma no H8 fechando uma parte do corredor e criando uma ala feminina com portaria exclusiva, separada e vigiada.

Neste primeiro vestibular aberto também a mulheres, outras cinco garotas foram aprovadas, mas quatro acabaram não fazendo o curso. Em algum momento, você pensou em desistir?

Nunca pensei em desistir… não passava pela minha cabeça não me formar.

Como foi a sua vida após a formatura? O diploma do ITA abriu portas?

Sem dúvida. Participei de vários processos seletivos e pude perceber como o profissional formado no ITA era valorizado, e ainda é, claro!

Como foi sua trajetória profissional desde então?

Eu trabalhei em consultoria no início, o que me proporcionou uma excelente bagagem, além de me ajudar a definir que eu queria seguir em Finanças. Aproveitei uma oportunidade que surgiu na Vale para sair de consultoria entrando na área de estratégia e desenvolvimento de negócios.

Depois, resolvi estudar fora e passei para o Master in Finance da London Business School. Voltei para o Brasil após um ano de curso, direto para a área de M&A (Mergers and Acquisitions) e Finanças da Vale, onde estou até hoje.

Sua experiência abriu caminho para outras mulheres no ITA. Hoje, já são mais de 200 formadas. Inclusive, nas últimas três turmas, as melhores notas finais entre todos os formados foram obtidas por mulheres. Passados 24 anos, você consegue ter a dimensão do tamanho do seu feito?

Muito obrigada! Sou muito honrada e feliz em saber que minha jornada tem inspirado outras mulheres. E melhor ainda que este contingente está crescendo! Acredito que cada uma delas está deixando sua própria marca e contribuindo para um futuro mais igualitário na Engenharia, no ITA e no mercado de trabalho! Parabéns a nós todas, formandas do ITA!

*A outra pioneira do ITA foi Karina Diogo de Souza, formada em Engenharia Aeronáutica na Turma de 2000.

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